Rios, potencial de Moçambique

Hidrologia de Moçambique

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Hidrologia de Moçambique, titulo do presente artigo que tem por objectivo partilhar algum conhecimento sobre a matéria

1. Características gerais
dos rios de Moçambique

Assim, em primeiro lugar a abordagem será direccionada a características gerais dos rios em Moçambique.

Em segundo lugar faz a descrição de principais rios e finalmente em terceiro lugar, faz se referência a características das principais bacias hidrográficas de Moçambique.

1.1.Origem

Os principais rios de Moçambique têm suas nascentes nos países vizinhos, excepto no norte do país onde a maioria das nascentes tem a sua bacia hidrográfica totalmente em Moçambique.

1.2.Regimes

No que diz respeito a regime, os rios de Moçambique têm um regime periódico, como o das chuvas que os alimentam. A maior parte destes rios não é navegável, porque são facilmente assoreáveis devido à extensão da planície litoral.

Portanto, essa característica periódica dos rios, é influenciada pelo clima de Moçambique que é tropical húmido com duas estações nítidas: chuvas e de seca.

Assim, este clima é muito influenciado pelas monções do Índico, mas são sensíveis as diferenças climáticas entre o norte e o sul. A temperatura e a humidade diminuem à medida que se caminha para o sul.

1.3. Factores de influência

As oscilações do caudal dos rios ao longo do ano são condicionadas, por factores climáticos, registando os caudais máximos na época das chuvas e os mínimos na estação seca. Nas terras altas os rios possuem grande capacidade erosiva e constituem cascatas, limitando dessa forma a navegabilidade.

Nas planícies se formam os meandros, lagoas e pântanos e são depositadas as aluviões. Além do relevo, a natureza dos solos também influencia o caudal, a estrutura e o padrão da rede hidrográfica.

Quanto às bacias hidrográficas, dado que as condições orográficas, atmosféricas, climáticas e pedológicas exercem grande influência sobre o regime caudal, o autor distingue três regiões no que diz respeito ao comportamento dos rios: Norte, Centro e Sul.

Maior parte dos principais rios de Moçambique seguem o sentido de oeste para este (ou de noroeste para sueste), desaguando no Canal de Moçambique (a secção do Oceano Índico situada entre o continente e a ilha de Madagáscar).

 2. Principais rios de Moçambique

Em Moçambique, pode se destacar os seguintes principais rios, uns que nascem no território nacional e outros nos países vizinhos.

2.1. Região Norte e Centro

O Rio Rovuma, nasce na Tanzânia, é um dos dois rios mais emblemáticos de Moçambique. O rio Lugela que se considera afluente do Rovuma, segue uma direcção menos irregular até à foz, sensivelmente de oeste para leste.

Enquanto isso, numa direcção centro sul desta região, corre o rio Messalo, nasce em Moçambique, na província do Niassa e depois de um percurso no sentido sensivelmente SW-NE, desagua no litoral da província de Cabo Delgado.

Adicionalmente no extremo sul da província do Niassa, existe o Rio Lúrio, que nasce na cidade de Cuamba, e estabelece a fronteira administrativa entre a província de Nampula na margem direita e as províncias do Niassa e de Cabo Delgado, na margem esquerda respectivamente a oeste e a este. Desagua no Canal de Moçambique, entre as cidades de Pemba e Nacala.

Depois disso, nasce o quarto maior do continente africano e maior rio de Moçambique, o Rio Zambeze, isto depois do Nilo, do Zaire (ou Congo) e do Níger. O Zambeze é também o maior dos rios africanos que desaguam no Oceano Índico. Nasce no extremo ocidental da Zâmbia e inicialmente segue para norte e oeste até penetrar no extremo oriental de Angola, onde inflete para sul.

Concluindo, outros rios são Rio Pungoé (ou Púngoè) que nasce no Zimbabué e segue para este. Igualmente encontramos o Rio Búzi que nasce no lado moçambicano da fronteira com o Zimbabué, perto da povoação de Espungabera, seguindo depois sensivelmente de sudoeste para nordeste, até
desaguar imediatamente a sul do estuário do Púngoè. O seu afluente principal, o Revué (na margem esquerda).

2.2.Região Sul

Na divisão entre as regiões centro e Sul, encontra-se o Rio Save, nasce no Zimbabué a sul da capital, Harare, e corre de norte para sul até à confluência com o Runde, a partir da qual inflete para leste e penetra em
território inteiramente moçambicano.

Assim, esta região sul, encontra-se o Rio Limpopo, segundo maior dos rios africanos que desaguam no Oceano Índico, tem um percurso característico em arco. Nasce na região noroeste da África do Sul e segue de início para norte, tendo, nesse troço, o nome de rio dos Crocodilos. Só se designa Limpopo a partir do ponto em que passa a marcar a fronteira entre a África do Sul e o Botsuana, no sentido SW-NE.

Adicionalmente, ainda no sul de Moçambique existe o Rio Incomáti, nasce na zona setentrional da África do Sul e corre sensivelmente para nordeste, com um curto troço através do extremo noroeste da Suazilândia. Entra em Moçambique junto à cidade de Komatipoort, no lado sul-africano da fronteira, e à povoação de Incomáti (antiga Ressano Garcia), no lado moçambicano.

No sul ainda encontra-se o Rio Umbelúzi, nasce na região montanhosa do norte da Suazilândia e, após um percurso sensivelmente de oeste para leste, desagua na baía do Maputo, em estuário comum a vários rios (Matola, Infulene, Tembe).

Finalmente, nesta região concretamente na maior altitude do seu troço moçambicano, fica situada a barragem dos Pequenos Libombos e finalmente, no sul existe o Rio Maputo: Nasce na região setentrional da África do Sul e segue a este, atravessando a Suazilândia, marcando em seguida a fronteira meridional deste país com a África do Sul e por fim, marcando um troço da fronteira meridional de Moçambique com a África do Sul

3. Bacias hidrográficas de Moçambique

Moçambique é um país de jusante, partilhando nove (9) das quinze (15)
bacias hidrográficas internacionais da região da SADC.

Assim sendo, os rios são os maiores transportadores dos principais recursos hídricos do país, dos quais mais de 50% sã originados nos países de montante. São de notar as diferenças que se verificam entre regiões no que se refere à variação da precipitação, período húmido e seco e de ano para ano com cheias e secas.

Assim, o escoamento superficial total é cerca de 216 km³/ano, dos quais cerca de 100 km³ (46%) são gerados no país. Os restantes 116 km³ são gerados nos países vizinhos.

De acordo com a Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos de Moçambique, o país possui treze bacias hidrográficas principais a destacar:

  • Sul: Bacias dos rios Maputo, Incomáti, Umbeluzi, Limpopo, Save e Govuro
  • Centro: Bacias hidrográficas de Búzi, Pungoé e Zambeze
  • Norte: Bacias hidrográficas de Licungo, Ligonha, Lúrio, Messalo e Rovuma.

3.1.Características das principais bacias
hidrográficas de Moçambique

3.1.1.Região sul

Nesta região pode se encontrar a Bacia do rio Maputo. É uma bacia internacional e possui uma área total de 29030Km2, dos quais 27460Km2 na África do Sul e em Moçambique com 1570Km2. O rio nasce na África do Sul e as suas elevações encontram-se no extremo sudoeste da bacia atingindo os 2000m, com a altitude média cerca de 815m. O regime do rio é permanente com um escoamento médio anual cerca de 28500* 106m3. Desagua na baía do Maputo.

Portanto, possuindo uma área de 46.200 Km2, a bacia do Incomáti possui  dos quais somente  32% situa-se em território Moçambicano. Na Swazilândia a área é de 6% e na República da África do Sul é de 62%. Os principais afluentes são Komati, Crocodilo e Sábiè. O Komati entra em Moçambique a jusante da afluência dos rios Komati e Crocodilo em Ressano Garcia, passando a chamar-se Incomáti. O comprimento do rio em Moçambique é de 280Km.

Assim, com 4%, rio Incomáti  contribui na parte de Moçambique para o escoamento total. O país está fortemente dependente dos recursos hídricos dos países de montante. O escoamento médio anual do rio Incomáti calculado para um período de 30 anos é igual a 2.015 Mm3. O escoamento médio anual do rio Sábiè é de 630 Mm3. O escoamento mínimo ocorre geralmente em Setembro/Outubro, mas também podem ocorrer escoamentos baixos entre Maio e Novembro.

Portanto, o clima da bacia em Moçambique, varia de tropical húmido de savana, na Costa, a seco de estepe, nas regiões mais a oeste e centrais. A temperatura média anual varia de 22,4ºC a 23,9ºC.

Assim, a precipitação média anual varia de 1073 mm em Calanga na costa, a 509 em Mapulanguene (P 600), perto da fronteira com a África do Sul. A precipitação média anual, na área moçambicana da bacia, é de cerca de 650mm. Os solos da parte de jusante da bacia são principalmente aptos para arroz, particularmente perto da foz e, noutras zonas como os terraços mais elevados de origem marinha.

Existem algumas colinas arenosas, boas para o cultivo de vegetais e
bananas. Na parte central, as deposições fluviais são boas para trigo, milho,
cana-de-açúcar e vegetais. A outra infra-estrutura hidráulica que tem um papel importante a desempenhar é o açude de Chauali, uma barragem de terra cujo objectivo é aumentar a capacidade natural de armazenamento do lago Chuali até 200 Mm3. Localiza-se no rio Massimachopes, no distrito da Manhiça.

Adicionalmente as anteriormente mencionadas, outra bacia existente é do Limpopo. Com cerca 1 461Km de comprimento possui uma bacia com uma área de 412.000 Km2 de extensão é partilhada por quatro Estados da região da SADC, nomeadamente África do Sul, Botswana, Zimbabwe e Moçambique.

Portanto, localiza-se entre os paralelos 22º e 26º Sul e entre os meridianos 26º
e 35º Este. Em território nacional está enquadrada entre os paralelos 21º e 25º Sul e os meridianos 31º e 35º, e confina a norte com a bacia do Rio Save, a sul com a do Rio Incomáti e a este com a do Rio Govuro o quadro a seguir indica as áreas parciais da bacia do Rio Limpopo.

Contudo, o rio Limpopo e seus afluentes são considerados como sendo perenes os rios Limpopo e Elefantes, e intermitentes os rios Changane e Nuanetze. A densidade do Rio Limpopo, com base nos dados acima é estimada em 0.011/Km.

Em termo de altitudes, as médias por sub-bacia são de 75 m para Changane, 700 m para o Limpopo e 900 m para a sub-bacia do rio dos Elefantes. A bacia do Limpopo em Moçambique, faz parte da bacia sedimentar da parte Sul do País, é limitada no extremo Oeste por riolitos e basaltos (Superior do Karoo) da cadeia dos
Libombos.

Importa ainda destacar que, no distrito de Inharrime sul de Inhambane, encontra-se a Bacia de Inharrime. Possui uma área de 11850Km2 e um comprimento de 150Km
abrangendo total ou parcialmente os distritos de Panda, Zavala e Inharrime. Nasce na província de Gaza e desagua na Lagoa Poelela em Inharrime.

Adicionalmente ainda nesta província, existe a Bacia de Mutamba. É um rio com uma área de 748Km2 e um comprimento de 65Km. Nasce perto da Lagoa Nhangela no distrito de Inharrime, desenvolvendo-se de Oeste a Este e desagua na Baía de Inhambane.

Na região Nortenha de Inhambane, encontra-se a Bacia do Govuro. Com uma área de 11500Km2, é o mais importante rio da região Norte da Província de Inhambane. Nasce em Mapinhane distrito de Vilankulo e desenvolve-se de Sul para Norte ao longo de mais de 150Km, percorrendo os distritos de Vilankulo e Inhassoro, desagua no Oceano Índico na Região de Macovane.

Finalmente na regiao sul, encontra-se a Bacia de Inhanombe. Ocupa uma área de 443 Km2 e um comprimento de 22.5 Km. Nasce em Manhenge no distrito de Massinga e desagua no Oceano Índico em Pomene no mesmo distrito.

3.1.2.Regiões Centro e Norte

3.1.2.1.Zambeze e Rovuma

O destaque vai para a Bacia de Zambeze. Esta bacia hidrográfica do nasce em Kalene Hill (Zâmbia) e desagua em Chinde-Oceano Índico (Moçambique). Ocupa uma área da bacia 1.390.000 km2 e um comprimento de 2.574 km

Contudo, esta é a mais partilhada na África Austral e está entre as quatro maiores bacias hidrográficas de África, inclusive a dos rios Congo, Nilo e Níger. O Zambeze drena uma área de quase 1.4 milhões de quilómetros quadrados,
estendendo-se por oito países membros, nomeadamente, Angola, Botswana, Malawi, Moçambique, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Adicionalmente a Zambeze,  outra de destaque nesta região, é a Bacia de Rovuma. Esta bacia cobre uma superfície total de cerca de 155 000 km2. A bacia é partilhada por três países, nomeadamente, Moçambique, Tanzânia e Malawi. Com cerca de 65,39% (99,530 km2), Moçambique detém a maior proporção da superfície da bacia, seguida de Tanzânia com 34,30% e por último Malawi com 0,31%.

Assim, com um caudal médio de 356 m3/s a bacia do Rovuma é considerada a segunda maior bacia de Moçambique depois da bacia do Zambeze, que tem um caudal acima de (3 558 m3/seg). A bacia do Rovuma é também uma zona importante de captação de água de valor crucial para a conservação da Biodiversidade.

Portanto, no território Moçambicano a bacia está administrativamente localizada na região norte do Pais cobrindo parcialmente a Província de Cabo Delgado e e Província de Niassa.

Rovuma nasce próximo do Lago Niassa e desagua no oceano indico a
nordeste da província de Cabo Delgado, com um total de 760 km de comprimento dos quais 650 km em Moçambique. O Rovuma tem como tributários os rios Lugenda, Lucheringo, Messige e Chiulezi. o Rio Lugenda é o afluente de maior expressão e que tem como tributários o Lautise, Luambala, Luchimua e Lureco.

3.1.2.2. Outras bacias

Destaca-se ainda nesta região a Bacia de Montepuez. A bacia hidrográfica do rio Montepuez faz fronteira com a bacia hidrográfica do rio Messalo a Norte, e pequenas bacias costeiras a nordeste (Muagamula,
Sicoro-Lingula, Messingue e Necumbi), Lúrio, Megaruma, Muaguide e as bacias costeiras (Tara-Quilite, Meapia e Ridi) a Sul.

Assim, os distritos que ocupam a maior parte do território da bacia são de Meluco, com mais de 60%, seguido de Quissanga, com aproximadamente de 46%. A percentagem do território pertencente ao distrito de Pemba Metuge pode ser depreciável, este distrito encontra-se no interior da bacia e ocupa somente 3,2% do território.

Finalmente encontra-se a Bacia de Messalo. A bacia do rio Messalo ocupa grande parte da Província de Cabo Delgado e uma parte da Província de Niassa.

Portanto, a bacia de Messalo tem uma área total de 24.436,6 km2. O rio nasce
no distrito de Maua, passando de seguida pelo distrito de Marrupa, ambos na Província de Niassa, e depois passa para Província de Cabo Delgado, onde o curso principal faz a divisão geográfica dos distritos de Balama e Montepuez, atravessando longitudinalmente este último.

Este artigo encontra-se disponível em https://climatechangemoz.com/?p=457

4. Bibliografias

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