1. Contextualização
A Indústria em África, pode ser a chave do crescimento e desenvolvimento económico. Esta actividade , quando se caracteriza como motriz, faz com que sua própria acção produtiva induza o crescimento de todo um conjunto à ela ligado (Dutkievicz, et al, 2011).
Assim, para os mesmos autores, a actividade industrial é fundamental para que o crescimento de uma região seja alcançado. É no desenvolvimento das relações industriais que se dão os acréscimos de produto tão necessários à expansão e acumulação de capital de uma economia.
Assim, reconhecendo a importância que o sector industrial pode desempenhar no processo de desenvolvimento económico dos países ou das regiões do mundo, urge a necessidade de estudar ao nível da região da África, o seu papel no que tange ao desenvolvimento económico do continente.
2. Localização geográfica e dimensões do continente africano
África estende-se na sua quase totalidade, entre as latitudes dos trópicos de Câncer e de Capricórnio. Em latitude alonga-se desde o Cabo das Agulhas a 34˚ 51’ Sul e o Ras-El-Abiad a 37˚21’ Norte, numa extensão de 8.000 km. As longitudes extremas encontram-se no Cabo Verde a 18˚ Oeste e no Ras Hafun a 50˚ Este. Estes dois encontram separados por uma distância de 7.500 km (vide o mapa n° 1).
Mapa n°1: Enquadramento geográfico do continente Africano
Fonte: Mapa elaborado pelas autoras, 2015
Portanto, ocupando uma superfície total de 30 milhões de km2, o continente está desigualmente distribuída entre os Hemisférios Norte e Sul. No Hemisfério Sul apenas 1/3 das terras emersas correspondentes a 11 milhões km2. Os restantes 2/3 distribuem-se para o Norte do paralelo 4˚ Norte, a partir do qual o continente se alarga bastante (Jessen & Araújo, 1998).
3. Principais conceitos
3.1.Desenvolvimento económico
O desenvolvimento económico é o processo que promove aos países melhorias nas suas variáveis qualitativas e quantitativas, gerando dinamismo económico e melhorias tanto para os indivíduos, como também para todo o ambiente macroeconómico. Mas ele não ocorre por meio do livre mercado nas economias, mas sim quando o estado realiza certas medidas as quais promoverão tais resultados nas dinâmicas produtivas (Cano, 2010).
3.2. Indústria
Considerada actividade secundária da economia, que engloba as actividades de produção ou qualquer dos seus ramos, em contraposição às atividades agrícolas (primárias) e a prestação de serviços (terciárias) através da conjugação do trabalho e do capital para transformar a matéria-prima em bens de produção e consumo por um conjunto das empresas ou o complexo industrial (Holanda, 1988 citado por diaadiaeducacao, 2015).
1.3. Industrialização
Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo (Portaltributário, 2015).
Esta actividade tem um importante papel no desenvolvimento económico, na medida em que proporciona maiores mudanças no processo de crescimento, gerando transformações na estrutura produtiva das economias ao longo do tempo, o que leva a alterações na composição da demanda, aumentando a presença de produtos industrializados na economia.
Como o sector industrial possui maior capacidade de gerar novos processos produtivos e criação de novos produtos, promove importantes avanços pelo lado da oferta (Marinho et al., 2002).
A industrialização é apenas uma parte da dinâmica de desenvolvimento económico, daí que, outros sectores não podem ser desprezados, não obstante, o sector industrial apresentar na sua génese maior crescimento económico e maior interligação com os restantes sectores (Idem).
4. Situação industrial do continente africano e sua contribuição na economia
4.1. Situação industrial do continente
Este continente, concentra muitos países pobres, com baixo grau de desenvolvimento económico que se reflete na industrialização quase inexistente na maioria dos países.
Apenas África do Sul, é considerada com alto grau de industrialização com um complexo parque industrial em que sozinha, é responsável por quase 50% da produção industrial africana (Prezi, 2015).
Tem a economia diversificada dos demais países e tem como base a extracção mineral e a produção agrícola com um crescimento económico inferior a 2% do ano. A partir da década de 2000 a África passou a apresentar um aumento dessa taxa, chegado à média de 5,5% do ano (Idem).
Os países do norte do continente beneficiam-se da relação económica mais estreita que mantém com a Europa e contam com melhores condições de crescimento económico.
O processo de industrialização da África se intensificou a partir da independência política em 1961 e contou com uma forte participação de capitais estrangeiros predominantemente norte americanos e britânicos (Idem).
Factores que mais contribuíram para a industrialização da África do sul foram a disponibilidade de mão-de-obra barata, trabalhadores negros eram super-explorados, as enormes reservas minerais e energéticos. Alguns países produtores de petróleo merecem destaque por terem conseguido desenvolver uma indústria ligada a esse ramo como Argélia, Líbia e Nigéria o maior produtor em África (Prezi, 2015).
Angola se destaca devido ao intenso crescimento económico com o fim da guerra civil, em 2002, e ao bom petrolífero vivido após 2004.Actualmente o petróleo representa mais de 90% das exportações angolanas (Idem).
O sistema de transportes, bastante precário, constitui um entrave ao desenvolvimento industrial. Implantado pelos colonizadores, tinha como principal finalidade possibilitar o escoamento de matérias-primas e gêneros agrícolas para os portos marítimos, de onde os produtos seguiam paras metrópoles. Por isso, hoje a África ressente-se da falta de uma rede rodoviária e ferroviária que interligue eficazmente suas regiões (Rogério, 2012).
4.2. Contribuição industrial no desenvolvimento económico da África
No gráfico n°1, ilustra a situação de 20 principais economias de África ou seja países com elevado Produto Interno Produto (PIB) e a contribuição que o sector industrial existente nesses países contribuem para o crescimento económico dos respectivos países.
Gráfico n° 1: Principais países com elevado PIB e a contribuição da indústria no Produto Interno Bruto.
Fonte: Dados fornecidos pela Therichest, 2015, gráfico elaborado pelas autoras, 2015.
5. Principais países/ regiões industriais de África
Toda a estrutura económica de África exceptuando da África do Sul, é extremamente frágil e dependente, facto que se torna mais evidente no sector industrial: a escassez de capitais, a falta de mão-de-obra técnica especializada e a insuficiência dos meios de transporte, aliados ao baixo poder aquisitivo da população, compõem um quadro nada propício ao desenvolvimento (Rogério, 2012).
Mesmo a grande variedade de matérias-primas, sobretudo minerais, que poderia ser utilizada para promover a indústria africana, é destinada basicamente ao mercado externo (Idem).
A nação mais industrializada do continente é a África do Sul, que alcançou relativa estabilidade política e desenvolvimento, possuindo sozinha 1/5 do PIB de toda a África. Porém, também já foram implantados notáveis centros industriais no Zimbábue, no Egipto e na Argélia. O principal bloco económico é o SADC, formado por 14 países, que se firma como o pólo mais promissor do continente (SOGEOGRAFIA, 2015).
De acordo com informação obtida no sítio Coladaweb (2015) (a única encontrada com essa informação), são principais países industrializadas de África:
ÁFRICA DO SUL: Um dos países do mundo e único de África que concentra maiores riquezas de minerais: ouro e diamantes, carvão, antimônio, minérios de ferro e manganês, urânio, platina, cromo, vanádio, titânio, etc.
Constitui o país mais industrializado de todo o continente e devido a sua localização geográfica estratégica (situado na parte mais afunilada da África, entre os oceanos Atlântico (a oeste) e Índico (a leste), possui enorme importância militar e económica.
Existem quatro áreas mais industrializadas na África do Sul, tais como: Cidade do Cabo (é o centro económico da província do Cabo Ocidental além de ser centro industrial da região), Port, Durban (contém o maior porto de toda a África), Pretória (é um importante centro comercial e um importante centro industrial) e Joanesburgo (Africadosul-economia, 2015).
EGIPTO: Possui a segunda maior economia do continente africano, atrás da África do Sul. O cultivo de algodão e a indústria têxtil são enormes fontes de riqueza. É o mais populoso Estado Árabe e conta com uma exportação de petróleo significativa. O turismo no Egipto já foi mais procurado, porém, esse foi seriamente afetado pelos terroristas.
ARGÉLIA E LÍBIA: são dois países árabes exportadores de petróleo.
NIGÉRIA: possui a maior população do continente e exporta petróleo. É o país mais industrializado da África ocidental e o segundo da África subsaariana, ficando atrás somente da África do Sul. Conta com algumas filiais de empresas estrangeiras (de automóveis, alimentos, bebidas e de óleo de algodão), que aí se instalaram devido à mão-de-obra barata e às facilidades para exportação.
O mapa n°2, ilustra os países acima descritos considerados pela fonte acima citada, considerados os mais industrializados do continente Africano.
Mapa n°2: Países mais industriais de África
Fonte: Mapa elaborado pelas autoras, 2015 com base da informação da Coladaweb (2015).
5.1. Situação industrial na África Austral (SADC)
A estrutura de produção dos países da SADC é característica de uma região em desenvolvimento, na qual grandes parcelas do Produto Interno Bruto (PIB) provêm dos sectores de produção primária, fundamentalmente dos sectores agrícola e mineiro (SADC, s/d).
Contribuição destes sectores para o PIB é relativamente elevada, chegando a atingir em média perto de 50 por cento do PIB. O sector pesqueiro conquistou também um lugar importante em vários países. Contudo, o valor acrescentado nestes sectores primários permanece baixo, permanece, em média, em 14 por cento do PIB em 2009 (Banco Mundial, 2011 citado por SADC, s/d). À excepção da África do Sul e das Maurícias, que possuem sectores transformadores bastante vastos, o sector industrial da SADC permanece relativamente não diversificado (SADC, s/d).
Em todos os Estados Membros da SADC a contribuição do sector transformador para o PIB é inferior a 20 porcento, sendo mesmo inferior a 5 porcento nalguns casos (SADC, s/d).
A intensidade da industrialização é relativamente baixa, estando a produção industrial fortemente concentrada em produtos de baixa tecnologia, tais como alimentares, bebidas, têxteis, vestuário e calçados. Na maioria dos países, a contribuição do sector transformador para o PIB manteve-se relativamente inalterada ao longo da última década, não obstante algumas ligeiras tendências ascendentes e descendentes em todos os países (Idem).
Pode se perceber que, a tabela 2, ilustra o Valor Acrescentado da Indústria Transformadora (VAIT) per capita nos países da SADC. No período compreendido entre 1990 e 2010, quatro países da SADC registaram uma redução no VAIT per capita e apenas dois registaram uma taxa de crescimento acima de 5 porcento. O desempenho nacional por país demonstrou também níveis variados de desenvolvimento em termos de VAIT, entre os países da SADC
Tabela 2: Desempenho da Indústria Transformadora nos Países da SADC (USD)
País | VAIT per capita (1990) | VAIT per capita (2010) | VAIT per capita (taxa de crescimento anual composta, 1990- 2010) |
Angola | 26 | 66 | 4,8 |
Botswana | 124 | 171 | 1,6 |
RDC | 16 | 5 | -5,7 |
Lesoto | 44 | 103 | 4,3 |
Madagáscar | 30 | 25 | -0,8 |
Malawi | 21 | 17 | -1,0 |
Maurícias | 522 | 801 | 2,2 |
Moçambique | 15 | 52 | 6,2 |
Namíbia | 92 | 348 | 6,9 |
Seychelles | 692 | 1.193 | 2,8 |
África do Sul | 551 | 581 | 0,3 |
Suazilândia | 311 | 451 | 1,9 |
Tanzânia | 19 | 29 | 2,2 |
Zâmbia | 36 | 44 | 1,1 |
Zimbabwe | 106 | 34 | -5,5 |
Fonte: Base de dados da UNCTAD / UNIDO Fornecida por SADC, (s/d).
6. Nível de desenvolvimento industrial de África
O processo da industrialização da África, é tardio razão pela qual, o continente apresenta menor índice industrial do mundo ficando apenas em frente da Antártida. A industrialização corresponde apenas 1% do PIB do continente em que na sua maioria, as indústrias transformam matéria-prima em produtos de exportação (PREZI, 2015).
Indústria africana é uma das mais pobres do mundo pois, a sua participação na economia do continente se limita a cerca de 26% do PIB. O sector que mais se destaca é o ligado à mineração. Mesmo a grande variedade de matérias-primas, sobretudo minerais, que poderia ser utilizada para promover a indústria africana, é destinada basicamente ao mercado externo (Decicino, 2014).
A intensidade da industrialização de forma particular na África Subsariana é relativamente baixa, estando a produção industrial fortemente concentrada em produtos de baixa tecnologia, tais como alimentares, bebidas, têxteis, vestuário e calçados.
Na maioria dos países, a contribuição do sector transformador para o PIB manteve-se relativamente inalterada ao longo da última década, não obstante algumas ligeiras tendências ascendentes e descendentes em todos os países (SADC, s/d).
6.1. Tipo de indústria predominante
Maior parte das indústrias africanas dedicam-se, em geral, ao beneficiamento de matérias-primas, como madeiras, óleos comestíveis, açúcar e algodão, ou ao beneficiamento de minérios para exportação (Rogério, 2012).
Atraídas pelo baixo preço da mão-de-obra, da energia elétrica e das matérias-primas, muitas indústrias de origem europeia e norte-americana instalaram-se no continente, onde produzem a custo reduzidos artigos cuja exportação lhes possibilita altas margens de lucro (Idem).
De acordo com o mesmo autor, as indústrias têxteis e alimentares, voltadas para o mercado interno, encontram-se em todos os países do continente, enquanto na África do Sul, no Egipto e na República Democrática do Congo estão instaladas as principais indústrias de base (siderúrgicas, metalúrgicas, usinas hidrelétricas etc.). Essa circunstância justifica o facto de a África do Sul e o Egipto serem os países mais industrializados do continente.
7. Referências bibliográficas
- Cano, W. (2010). (Des) Industrialização e (Sub) Desenvolvimento. Brasil: Unicamp.
- DECICINIO, Ronaldo (2014). África – Geografia humana: População, organização social, economia, indústria e transportes. Brasil.
- DUTKIEVICZ, M.L.; SOUZA, M. P.; HONÓRIO, Marcelo (2011). O papel da indústria no crescimento regional: um estudo de caso da Empresa Araupel no município de Quedas do Iguaçu – PR. A Economia em Revista Volume 19 Número 1.Brasil.
- GIL, António Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. Editora Atlas, 6ª edição. São Paulo, Brasil.
- Jessen, M., & Araújo, M. (1998). Geografia de África: Pequena Monografia. Maputo: Livraria Universitária. Universidade Eduardo Mondlane
- ROGERIO, G.G. Silva (2012). Indústria na África. Brasil.
- SADC (s/d). Política-quadro de desenvolvimento industrial da SADC.
- www.diaadiaeducacao.pr.gov.br, visitado no dia 10 de Junho de 2015 as 16:20min
- www.africadosul-economia.blogspot.com, visitado no dia 10 de Junho de 2015 as 22:30min
- www.coladaweb.com/geografia/potencialidades-do-continente-africano, visitado no dia 9/6/2015 as 14:15min
- www.portaltributario.com.br, visitado no dia 9 de Junho as 13:30min
- www.prezi.com/industrializacao-da-america-latina-e-africa, visitado no dia 10/6/2015 as 11:00
- www.sogeografia.com.br/Conteudos/Continentes/Africa, visitado no dia 09/6/2015 visitado as 9:40min
- www.therichest.com/business visitado no dia 8 de Junho de 2015 as 19:15min.