Papel das florestas na mitigação às mudanças climáticas

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Papel das florestas na mitigação às mudanças climáticas, é o titulo do presente artigo onde pretendemos de forma transversal, trazer as contribuições de alguns autores que escreveram sobre a matéria.

Para ONU (2014) citada por Texeira (2018), a humanidade e a economia global, estão ligadas às florestas uma vez que mais de mil milhões de pessoas dependem de florestas para a sua subsistência.

O autor em referência, classifica os serviços fornecidos pelas florestas em: Serviços de provisão, Regulação, culturais e de suporte

Serviços de provisão das florestas

Fazem parte dos serviços de provisão os alimentos e fibras, madeira para combustível e outros materiais.

Estes produtos, servem como fonte de energia, recursos genéticos, produtos bioquímicos, medicinais e farmacêuticos.

Para além destes, também fazem parte o pasto para os animais, área de cultivo e conservação da fauna selvagem, recursos ornamentais e água.

Assim, a floresta tem um elevado potencial para a melhoria das condições de vida da população do meio rural e para gerar o desenvolvimento socioeconómico (FAO 2010, MEA 2005 citados por Texeira, 2018)

Nesse sentido, as florestas contribuem na redução da pobreza é por um lado a base da convenção para a conservação da Biodiversidade (Texeira, 2018).

Por outro, estes recursos sao meio para a redução da vulnerabilidade e gerar benefícios para melhorar as condições de vida das populações pobres

Contributo das florestas na mitigação às mudanças climáticas

Para Andrade e Romeiro, (2009) citado por Texeira, 2018, as funções de regulação estão relacionadas com os aspectos estruturais dos ecossistemas, tais como:

  • Cobertura vegetal,
  • Capacidade de mitigação de danos naturais,
  • Capacidade de absorção da água e resistência da vegetação à acção eólica,
  • Capacidade de filtragem e estocagem da água e a regulação da sua disponibilidade ao longo das estações do ano;
  • Capacidade de protecção do solo contra os fenómenos de erosão e compactação

Nesse sentido, as florestas podem ser consideradas os pulmões do Planeta. Estas cobrem um terço da área terrestre e são o lar de 80 por cento da biodiversidade terrestre (Texeira, 2018)

Com isso, as florestas, tornam-se essenciais para a redução da pobreza e assegurar a segurança alimentar (Boucher et.al. 2014, ONU 2014, citados por Texeira, 2018).

Por outro lado, tem o papel na mitigação e adaptação às alterações climáticas e à redução do risco de desastres Naturais (Idem).

A floresta retém o carbono sob a forma de dióxido de carbono (CO2). É retido pelos caules e raízes das árvores.

Contudo, quando as árvores são abatidas, queimadas ou decompostas, o referido gás é liberto para a atmosfera produzindo assim uma quantidade significativa de oxigénio.

Por outro lado, a ciência comprovou que as florestas têm um valor especial no armazenamento ou absorção de carbon.

As florestas, são dos ecossistemas com maior biomassa, que foram consideradas pelo Protocolo de Quioto como sumidouros de carbono (Correia 2006, Nabuurs et.al. 2007 citados por Texeira, 2018).

Valor cultural das florestas

Segundo Texeira (2018), quanto aos serviços culturais se inclui a espiritualidade, lazer, inspiração, educação e simbolismo.

De acordo com o mesmo autor, estes elementos estão intimamente focados nos valores e comportamentos humanos, bem como às instituições e padrões sociais

Assim, a importância das florestas é igualmente enorme nas funções de ordem higiénica – cinturas verdes em torno dos aglomerados populacionais, secagem de pântanos e as de ordem recreativa, estética e científica.

Importância de florestas no contexto de Moçambique

Em Moçambique, as florestas não só fornecem matérias-primas para as indústrias, mas também, é fonte de trabalho para uma parte significativa da população.

Essa população, se ocupa na exploração, nos transportes e no comércio deste recurso natural.

A contribuição do sector florestal na economia de Moçambique é vista através da relação de dependência da população em relação a este recurso (Michaque 2006, Sitoe et.al. 2007 citados por Texeira, 2018)

As populações exploram a lenhosa, plantas medicinais, produtos alimentares incluindo plantas e animais, entre outros (Idem).

Se as florestas existentes em Moçambique fossem bem geridas, haveria redução da probleza como contribuição deste sector

Acções globais de preservação de florestas

O desmatamento e degradação florestal, são fontes significativas de emissões de gases de efeito estufa, emissões provenientes de mudança de uso da terra (ANGELSEN et al. 2009 citado por Macuacua, 2014).

Neste contexto, IPCC refere no seu quinto relatório que o desmatamento e a degradação das florestas formam a segunda maior fonte de emissões humanas de CO2.

Em 2013, foram responsáveis por cerca de 10% das emissões de gases estufa do mundo.

Senso assim, a preservação das florestas existentes tem sido proposta e considera-se a maneira mais barata para mitigar a mudança do clima (Macuacua, 2014).

REDD+como estratégia de mitigação às mudanças climáticas

Assim, como resultado, foi introduzida “Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) em que para países em desenvolvimento surge como componente adequado para fazer face à mudança do clima global (Idem).

O REDD+ foi formalmente incluído como tema de agenda de negociação internacional sobre mitigação de mudanças climáticas em 2005 durante a COP11 e ganhou mais relevância a partir da

COP 13.

Assim, em Bali, as partes adoptaram um plano de acção comum (Plano de Acção de Bali) que incluía REDD+ e chegaram a um acordo em 2010.

Portanto, as discussões e foco das acções foram mudando de global para nacional e local e em 2009 mais de 40 países começaram a desenvolver estratégias e políticas para implementação do REDD+ (Angelsen et al. 2009 citados por (Macuacua, 2014)

Neste âmbito, existe uma mobilização global em prol de iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, com a intensificação das discussões sobre o tema na academia e nos fóruns internacionais.

Assim, a REDD+ desenvolve parcerias para disseminar conhecimento e alavancar fundos para a promoção de iniciativas de proteção às florestas (Angelsen, 2012 citado por Macuacua, 2014).

Segundo a WWF, a principal intenção de REDD+ é ajudar os países a mudarem para uma trajetória de desenvolvimento de baixo carbono, aumentando o valor de florestas em pé em relação a outros usos do solo.

Resumo sobre papel das florestas na mitigação às mudanças climáticas

As florestas são importantes na regulação do clima através do ciclo do carbono (Fearnside, 2014)

Portanto, removem o carbono da atmosfera à medida que crescem, e armazenando de carbono em folhas, tecido lenhoso, raízes e matéria orgânica no solo (Idem).

No entanto, absorvem 2,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono a cada ano, ou cerca de um terço do dióxido de carbono liberado pela queima de combustíveis fósseis.

De um lado, as florestas representam o mais importante sumidouro terrestre de carbono do mundo, contendo uma estimativa de 77% de todo o carbono armazenado na vegetação.

Por outro lado, representa 39% de todo o carbono armazenado nos solos, duas vezes mais carbono do que está presente na atmosfera

Portanto, a perda de cobertura florestal global significa uma perda da capacidade natural das florestas de capturar e armazenar carbono, ampliando as emissões de outras fontes.

Referências bibliográficas

Texeira, J.V. (2018). A participação das comunidades locais na gestão das florestas em Moçambique: Caso dos distritos de Montepuez, Maúa, Marrupa e Majune. Dissertação de Doutoramento (Universidade Nova de Lisboa). Lisboa

Adamo, S.B, Lima, E.E., Sathler, D. (2014). Mudanças climáticas e mitigação no sector florestal: REDD+, politicas nacionais e desenvolvimento sustentável local na Amazônia legal. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0102-30982015000000038

Macuácua, J.C. (2014). Desafios de Integração de politicas e medidas na estrutura nacional e local de REDD+ em Moçambique. Dissertação de Mestrado (Universidade Eduardo Mondlane). Maputo.

Fearnside, F.M. (2014). As mudanças climáticas globais e a floresta amazônixa. Universidade de São Paulo, São Paulo.

WWF. (2016). Conservação das florestas para combater as mudanças climáticas. O que é REDD+, como foi criado e o que se espera. Disponivel em https://www.wwf.org.br/?58082/Conservao-das-Florestas-para-Combater-as-Mudanas-Climticas

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